A montaria no estilo cutiano é a precursora de rodeios no Brasil e uma das poucas modalidades legitimamente brasileiras. Para os fãs de competição em montaria e também para toda a comunidade sertaneja, ela vai muito além das arenas de rodeio e tem forte ligação com a vida do campo e com o trato de animais.

O que é o Cutiano?

A modalidade de rodeio cutiano foi criada no Brasil e foi uma das pioneiras no país, tanto que ela nem existe em competições internacionais. Basicamente, o peão precisa permanecer os 8 segundos sobre o animal do mesmo jeito que acontece nas montarias em touro. O que muda é que neste caso a pontuação é atribuída de acordo com as esporeadas que o cavaleiro dá sobre o animal. Isso teve origem na necessidade de acalmar animais xucros que os peões tinham enquanto guiavam comitivas de um ponto a outro do país. Aos poucos a competição foi surgindo para ver quem conseguia ficar mais tempo montado nos cavalos bravos. As competições e a percepção da montaria em cavalos como uma forma de se divertir deram origem à primeira Festa do Peão do Brasil no ano de 1956, que hoje conhecemos como a famosa Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos e agora se tornaram uma das modalidades mais tradicionais dos rodeios ao redor do país.

Regras do Modelo Cutiano

É claro que em 65 anos algumas coisa mudaram e atualmente essa competição conta com regras bem definidas para preservar a saúde do animal e do peão montado nele:

Tempo e notas

Nesta modalidade a base da é a permanência do peão por até 8 segundos sobre o cavalo, assim como a maioria das outras. A diferença é que a pontuação é baseada nas esporeadas dadas pelo peão no animal. Quem julga isso são 3 juízes que atribuem notas de 0 a 100, avaliando a montaria e também o cavaleiro, sua postura, força, habilidade e etc. A nota intermediária é a nota válida para o peão.

Montaria

As rédeas que são usadas nas provas são feitas de tiras de corda de sisal e precisam ser seguradas pela mão de apoio do peão, ou seja, se ele for destro com a direita e se for canhoto com a esquerda. Para manter o equilíbrio é permitido apoiar os pés sobre o estribo, que devem permanecer ali por 8 segundos da montaria. Se o competidor se desequilibrar e tirar um dos pés dali, a nota é automaticamente 0.

Equipamentos

É extremamente proibido o uso de colas ou ceras, podendo ser utilizado na prova somente o breu seco. Quaisquer tipos de borrachas que ultrapassem o limite do salto da bota também resulta em desclassificação e o cavalo utiliza o mesmo tipo de sedém do peão, que é preso à virilha do animal. O arreio usado no animal deve ser feito de couro.

Regulagem do equipamento

Segundo as regras, os participantes têm o direito a montar somente uma vez o cavalo antes da prova, para fazer a regulagem do equipamento. Depois disso, só é permitido contato com o animal no brete. O competidor conta com duas oportunidades para soltar o animal e , depois disso, ele entrará no chamado croke, um período de 30 segundos no qual ele precisa se soltar, ou ser desclassificado.

Esporas

Como dissemos hoje em dia as regras também existem para proteger a integridade física do animal e por isso as esporas devem ser do tipo roseta padrão, sem pontas. Fica a cargo do juiz de brete ou de arena fiscalizar isso.

Comportamento do Peão

Por último, mas não menos importante, precisamos falar do comportamento dos competidores. Assim como em todos os esportes, os juízes precisam ser visto como autoridade e caso aconteça de um dos peões cometer qualquer tipo de desacato, o horse rider em questão será convidado a se retirar da competição.

Cutiano e a Festa de Barretos

A Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos nasceu graças a essa competição e a tornou uma tradição, não deixando de sediar as provas nem mesmo nos anos 90 quando as montarias em touro roubaram os holofotes. Hoje em dia, essa modalidade conta com 30 vagas, sendo as 25 primeiras oferecidas aos peões que somaram os maiores valores de premiação na temporada. As outras 5 são disponibilizadas para competidores de competições parceiras dos organizadores.