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Marilene, da dupla As Galvão, morre aos 80 anos

Por Ricardo Silva e Desirèe Assis*, g1 Bauru e Marília - 25/08/2022
Marilene, da dupla As Galvão, morre aos 80 anos em São Paulo — Foto: Divulgação

A cantora Marilene, da dupla sertaneja As Galvão, morreu na tarde desta quarta-feira (24) em São Paulo, aos 80 anos. Marilene Galvão, que sofria de mal de Alzheimer, deixou de cantar e tocar viola ao lado da irmã depois de mais de 70 anos de carreira.
Marilene morreu no Hospital Professora Lydia Storópoli, onde estava internada. O velório e o sepultamento da artista serão realizados nesta quinta-feira (25) em Paraguaçu Paulista. A causa da morte dela não foi divulgada.

(CORREÇÃO: O g1 errou ao informar que Marilene morreu em Paraguaçu Paulista. A artista morreu em um hospital na cidade de São Paulo e será velada no interior do estado. A informação foi corrigida às 20h19.)

Em junho de 2020, a dupla participou de uma entrevista ao programa Revista de Sábado, da TV TEM, afiliada da TV Globo no interior de São Paulo.

Carreira
Ao longo da carreira, a dupla lançou 80 discos. O fim da dupla foi anunciado por Mary Galvão em entrevista a André Piunti, publicada no YouTube em 19 de junho de 2021. O motivo do término era o avanço do Alzheimer que obrigou Marilene a se retirar de cena pela perda total de memória.
A dupla, que surgiu em 1947, se consagrou como pioneira no universo da música caipira. As irmãs entraram no ramo como sendo as duas primeiras mulheres do cenário sertanejo, então dominado pelo elenco masculino.

Além de cantar, Mary Galvão – nascida em Ourinhos (SP) em 1940 – tocava sanfona na dupla. Já Marilene Galvão – nascida em Palmital (SP) em 1942 – tocava viola enquanto unia a voz com a da irmã em músicas como Beijinho Doce (Nhô Pai, 1945), clássico sertanejo lançado pelas Irmãs Castro, mas desde sempre associado às vozes das irmãs Galvão.

Quando entraram em cena na Rádio Club Marconi de Paraguaçu Paulista (SP), em 1947, com sete e cinco anos, respectivamente, Mary e Marilene certamente nem sonhavam em pavimentar trajetória tão longa na música sertaneja.

De rádio em rádio pelo interior paulista, as irmãs acabaram contratadas pela RCA Victor, gravadora na qual debutaram em 1955, ano em que as Galvão registraram, em disco de 78 rotações por minuto, as músicas Carinha de Anjo (Paschoal Yanuzzi e Fábio Mirhib) e Rincão Guarani (Maurício Cardozo Ocampo, Diogo Mulero Palmeira e Centorion).

Começou, naquele ano, a bem-sucedida trajetória fonográfica pavimentada pelas gravações de toadas, modas de viola e rasqueados, gêneros musicais recorrentes no universo sertanejo. As irmãs Galvão gravaram discos com regularidade até o fim da década de 1980.

A partir dos anos 1990, a discografia foi ficando cada vez mais espaçada na medida em que a dupla passava a ser cada vez mais reconhecida pelo fato de, no rastro das Irmãs Castro, Mary e Marilene terem imprimido assinatura vocal feminina na música sertaneja quando que somente os homens cantavam modas caipiras.

Essa trajetória pioneira foi celebrada em 2017, ano em que as Galvão festejaram sete décadas de carreira, com a edição do DVD "Soberanas – 70 anos ao vivo" e com o documentário "Eu e minha irmã – A trajetória das Irmãs Galvão", dirigido por Thiago Rosente.

 

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